Até pouco tempo era comum a participação de protótipos com motorização 4 cilindros aspirada e multiválvulas no Endurance Brasil, carros que por muito tempo compuseram a espinha dorsal das provas de longa duração no Brasil. Até 2018, os modelos dessa configuração competiam na classe P2, porém ela foi “rebaixada” na numeração com a separação dos protótipos P1 nas classes P1, para protótipos mais modernos e com DRS, e P2 para protótipos mais antigos e sem DRS. Com os grids decrescentes em 2022, a nomenclatura foi novamente modificada para P2 Light, em uma tentativa de unificar a categoria à P2 em provas com poucos inscritos. Para efeito de catálogo, vamos considerar os protótipos classificados como P2 até o ano de 2018, os protótipos P3 da temporada 2019 em diante e os P2 Light da temporada 2022 nesta lista.
LFC Tornado
Um dos vários protótipos criados por Luiz Fernando Cruz, o Tornado segue a linha dos protótipos equipados com motores de motocicletas, como Radical SR3. No caso do brasileiro, o motor é central e retirado diretamente de uma Suzuki Hayabusa, com 1.340 cm³ e 178 HP, aliado a transmissão original da Hayabusa que transmite a força para as rodas traseiras através de um sistema de corrente e um diferencial criado especificamente para o Tornado. Assim, o carro ficou bem leve (440 kg sem piloto e combustível), o que se traduz em menor consumo de pneus e combustível, além de um desempenho no nível dos rivais. Desde 2007 as unidades produzidas têm participado ativamente das provas de endurance do sul do Brasil, sendo sempre favoritas em sua categoria. No Endurance Brasil, o Tornado esteve sempre presente, com nomes como Guaracy Costa, Rafael Costa e Luiz Carlos “Cali” Crestani, este último que conquistou as três vitórias do modelo na classe P2 e o título da classe na temporada 2016.
Metalmoro MRX
Apresentado em 2009 como sucessor do MCR, o protótipo MRX representou uma grande evolução para os protótipos da Metalmoro, após 10 anos de importantes vitórias. Já em sua estréia, o novo carro conquistou vitórias nas quatro provas mais importantes do endurance brasileiro: 12 Horas de Tarumã em (2009, 2012 e 2013), 500 km de São Paulo (2013, 2016, 2020, 2021 e 2023), 500 Milhas de Londrina (2012, 2015, 2019 e 2021) e 1.000 Milhas do Brasil (2021). Também no Endurance Brasil os protótipos MRX foram uma força, conquistando 43 vitórias em sua classe, além de cinco títulos na class(nas temporadas 2015, 2017, 2019, 2020 e 2022).
MC Tubarão IX
Baseado na célula de sobrevivência do MRX, o protótipo Tubarão IX foi apresentado em 2012 com motorização Ford Duratec Turbo, para competir na classe I do Campeonato Gaúcho de Endurance e também na classe Top 1 PR da Top Series, nome do brasileiro de endurance na época. Além do chassi original da classe GP1, uma segunda versão do Tubarão IX foi construída à partir do MRX Tubarão #32, originalmente pilotado por Paulo Sousa e Mauro Kern porém em especificação aspirada, utilizando motorização Mugen K20 e posteriormente Duratec 2.3. Na configuração P3, o Tubarão conquistou sete vitórias, e por duas vezes o campeonato de pilotos, em 2018 com Paulo Sousa e Mauro Kern, e em 2021 com Tiel Andrade e João Pedro Maia.
MC Tubarão XII
O protótipo MC Tubarão XII marcou o canto do cisne da classe P3 no Endurance Brasil, quando a mesma já havia mudado de nome novamente para P2 Light. Com motorização Honda K20 e transeixo Hewland FTR, o protótipo estreou na etapa de encerramento da temporada 2022, pilotado por Paulo Sousa e Galid Osman e conquistando a segunda posição na classificação final em sua classe. Com o colapso da classe P3 no brasileiro, o protótipo de Campo Bom passou a competir no Gaúcho de Endurance, e recebeu uma motorização Ford Duratec Turbo, passando à classe P2.
Porsche 550 Replica
Um participante curioso da temporada 2016 do Endurance Brasil foi o Porsche 550 da equipe Bastos Racing. Equipado com um motor Ford Duratec 2.0, o exótico protótipo estreou nas 12 Horas de Tarumã em 2014, e conquistou a terceira posição entre os então protótipos P2 nas 12 Horas de 2015. No Endurance Brasil, participou apenas dos 500 km de Tarumã, etapa de abertura da temporada 2016, pilotado por Jairo Bastos e Marcos Bernardes.
PW1 Spyder Gen 2
Em 2002, o piloto Peter William Januário assumiu a produção dos protótipos Spyder, agora sob sua marca PW1. Ao mesmo tempo, o Spyder recebeu uma profunda atualização com o radiador migrando para a lateral do cockpit e uma nova configuração aerodinâmica. Novamente o Spyder se mostrou uma força do automobilismo, chegando ao ponto de ter uma categoria monomarca no Campeonato Paulista de Automobilismo, a Spyder Race. Visão mais frequente na classe P4, durante os anos iniciais do Endurance Brasil algumas equipes utilizaram os protótipos Spyder também em especificação P3, porém sem resultados expressivos.
PW1 Spyder Gen 3
A terceira geração do protótipo Spyder foi lançada em 2010, marcando também a passagem da Spyder Race de campeonato estadual para nacional. A nova carenagem, com linhas mais angulosas, tinha como objetivo melhorar o desempenho aerodinâmico dos protótipos. Com o fim da categoria monomarca, os Spyder “Gen 3” logo passaram a ser utilizados em campeonatos regionais, tanto em provas curtas quanto longas, e encontraram casa no Endurance Gaúcho, sendo uma das forças na classe P4, porém o piloto Carlos Ortolani chegou a disputar algumas provas do Endurance Brasil na classe P3 em um Spyder com a carenagem dianteira modificada.
Radical SR3
Projetado por Mike Pilbeam, o Radical SR3 foi lançado em 2002 se tornando o carro de maior sucesso do fabricante inglês, com mais de 1.100 unidades fabricadas. Concebido para ser um protótipo de baixo peso, o SR3 é equipado com motores derivados da Suzuki Hayabusa, com cilindrada entre 1.300 e 1.500 cm³. No Brasil, o primeiro SR3 chegou pelas mãos de Eduardo Souza Ramos, competindo na classe 1 do Brasileiro de Endurance entre os anos 2003 e 2005. No Endurance Brasil, a dupla Matheus e Renato Stumpf apostou na leveza e agilidade do bólido britânico como arma para competir na classe P3, conquistando 1 vitória entre as temporadas 2018 e 2019.
Roco 001
Um dos projetos mais interessantes do Endurance Brasil, o Roco 001 foi desenvolvido pela Roco Racing Cars de Robbi Perez sobre um chassi Ralt RT34 de Fórmula 3 e como motorização Hayabusa 1.500 cm³. Com um ar dos Can-Am de segunda geração, a equipe investiu no projeto, sempre trazendo novidades para o carro entre as temporadas 2019 e 2020 e tendo como melhor resultado uma terceira posição em sua classe, além de uma terceira posição geral das 1.000 Milhas de 2021, após ter liderado a prova por cerca de três horas.
VBS 001
Desenvolvido em 2006 pelos irmão Antônio, Alberto e Rogério Vilas Boas, de Brasília, o VBS 001 utilizava diversos componentes oriundos de monopostos da Fórmula 3 e motorização Opel 2.0 16V, obtendo resultados expressivos, como a terceira posição na classificação final das 12 Horas de Tarumã de 2007. Em 2019, um dos dois chassis fabricados voltou à ativa com a equipe Motorcar, participando das etapas de Interlagos e Goiânia com o trio Gustavo Frey, George Frey e Maninho Cardoso.
Veloztech Scorpius
Fabricado pela Veloztech, empresa de Cefas de Oliveira fundada em 1999 para fabricar os protótipos Espron, o Scorpius foi desenvolvido em 2004 em parceria com a Faculdade Oswaldo Cruz para a classe 3 do Brasileiro de Endurance. Equipado com motorização Opel 2.0 16V e transmissão Hewland Mk9, o Scorpius chegou ao Endurance Brasil pelas mãos da equipa KTT Racing, tendo como piloto o inglês Stuart Turvey. Na configuração P3, o protótipo azul competiu apenas nas 2 Horas de Guaporé em 2015, já que depois trocou a motorização para um conjunto Hayabusa Turbo, retornando na classe GP1 em 2017.
É incrível essa “variação” de classes terciárias tanto no Gauchão Quanto no Brasileirão de Endurance!
Nas classes de carros de turismo e nos protótipos mais simples era quase um vale-tudo no Endurance Brasil. Ainda bem que temos o Gaúcho e as Mil Milhas para manter esse espírito!