O período entre o final da década de 1960 e o início dos anos 1970 viu uma explosão de novos fabricantes e protótipos surgindo praticamente a cada etapa. Enquanto alguns nomes como Heve, Polar, Manta e Avallone ficaram eternizados, outros projetos ficaram jamais realizaram o seu potencial, caindo no ostracismo. Hoje iremos conhecer o ENE-272, um desses projetos quase esquecidos, mas extremamente interessantes.
O projeto do ENE foi concluído no início de 1972 como tese de graduação do curso de Engenharia, e a idéia de efetivamente construir o ENE-272 surgiu em julho de 1972, com um grupo de sete estudantes de engenharia da UFRJ, a se citar: Alexandre Tavares, Carl Robert Ostrower, Sérgio Antônio Fontes, João de Lemos, José Luiz Coelho, Mário Domingues e Raul Dambacher. Eles decidiram projetar e construir um carro de competição para ser apresentado no Salão do Automóvel, se revezando nos finais de semana e no período noturno para atender ao ousado planejamento.
O chassi foi concebido em estrutura tubular, mesclando tubos de perfis quadrados e retangulares, pesando apenas 35 kg e equipado com suspensão independente e freios a disco nas quatro rodas, com possibilidade de receber diversos motores nacionais de até 2 litros de deslocamento volumétrico. No caso do protótipo construído, foi adotado o conjunto motor e transmissão do Ford Corcel com 1.5 litros com dupla carburação, cárter seco, radiador de óleo e ignição capacitiva, resultando em 100 HP de potência, com rodas de magnésio tala 8” na dianteira e 10” na traseira.
O nome ENE-272, por sinal, vem da Escola Nacional de Engenharia, enquanto o 272 representa o deslocamento volumétrico máximo dos motores que poderiam ser instalados no carro (2 litros) e o ano de realização do projeto (1972).
Sobre o chassi, foi montada uma carenagem em fibra de vidro, que segundo as publicações da época foi testada em túnel de vento, com algumas maquetes de diferentes formatos construídas para os testes.
As dimensões finais do carro ficaram em 900 mm de altura total, 2.200 mm de entreeixos e 3210 mm de comprimento, com bitola de 1312 mm em ambos os eixos e 85 mm de altura em relação ao solo. Com isso, a área frontal ficou em 1,2 m².
Aliado ao baixo peso de 480 kg, o estudo aerodinâmico da carenagem permitia o ENE-272 atingir 200 km/h, segundo as estimativas dos projetistas. As reportagens da época noticiaram que o protótipo iria iniciar sua fase de testes em breve, porém não encontramos nenhum registro de que o modelo tenha efetivamente sido testado em pista. O único registro de aparição pública do modelo aconteceu no Salão do Automóvel de 1972.
Fontes:
ENE-272: O Carro de Corrida Feito por Estudantes. Disponível em: https://velozesbrasil.com.br/2024/08/23/ene-272-o-carro-de-corrida-feito-por-estudantes/.
Os cariocas da UFRJ também apresentam esse ano o seu protótipo de corridas. Revista Manchete, Janeiro de 1972, Edição Especial, página 80. Disponível em: https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=004120&pasta=ano%20197&pesq=&pagfis=129716.
Estudantes da UFRJ projetam e constroem protótipo de corrida. Jornal do Brasil, Ano LXXXII, Edição 146 de 13 de Setembro de 1972, página 70. Disponível em: https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=030015_09&pasta=ano%20197&pesq=&pagfis=244947
Estudantes de Engenharia projetaram o ENE-272. O Jornal Ano LIII, Número 15.690 de 26 de Novembro de 1972, página 77. Disponível em: https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=110523_06&pasta=ano%20197&pesq=&pagfis=107985.
ENE-272 Feito por estudantes. Revista O Cruzeiro, Número 49, 6 de Dezembro de 1972, página 83. Disponível em: https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=003581&pagfis=220955.
Salão. Revista Quatro Rodas, Ano XIII, Número 149, Dezembro de 1972, páginas 68 a 69.
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Nossa, tinha já esquecido dessa foto colorida do carro, as outras fotos são inéditas pra mim, até mesmo as demais informações, muito bacana!!!!!!
Foi uma pena o pessoal na epoca, não terem acordado antes do fim da Divisão4, deviam ter mudado a pelo menos 2 anos antes, e limitado aos 2 litros, a categorias poderia ter resistido, quem sabe!!!!
Seria uma opção mas no final mesmo os carros abaixo de 2 litros já estavam minguados, com os patrocínios migrando para as categorias de Fórmula após os títulos do Emerson.