Tech Analysis – Performance GTP nos testes de Sebring

Na última semana foram realizados os testes oficiais da IMSA em Sebring, onde pudemos ver pela primeira vez o novo Aston Martin Valkyrie LMH nas pistas, totalizando seis marcas diferentes e a estréia de um carro construído no regulamento LMH no campeonato norte-americano.

📷 IMSA / Michael Levitt

Análise do BoP

Conforme o BoP divulgado para a prova, os carros mais pesados foram o Valkyrie, os Cadillac e os Porsche, com 1.060 kg, contrastando aos 1.030 kg definidos para o Lamborghini SC63. Quanto a potência, apenas o Aston Martin esteve com o máximo regulamentar de 520 kW (697 HP), e os carros “menos potentes” foram o Acura ARX-06. Outro fator interessante é que a alocação de energia por stint para o Valkyrie foi de 916 MJ, a mesma dos Cadillac V-Series.R, com a mesma taxa de abastecimento, o que pode indicar uma menor autonomia já que o Aston é o único carro não híbrido e o com maior potência do motor à combustão. Minha expectativa para um BoP mais equilibrado seria uma maior alocação de energia para compensar a ausência do fator regenerativo presente nos carros híbridos.

Melhores tempos de volta

Da análise dos melhores tempos de volta, percebemos um equilíbrio entre Porsche e Cadillac, com Acura e BMW ligeiramente mais lentas. Por outro lado, os tempos marcados pelos carros da Lamborghini e Aston Martin mostram que ainda existe trabalho a ser feito pelas equipes. Enquanto o Aston Martin está realizando sua estréia, portanto ainda tem uma curva de aprendizado por parte da equipe e alguma margem de ajuste do BoP a ser implementada.

📷 IMSA / Michael Levitt

No caso da Lamborghini o resultado pode estar relacionado ao problema encontrado ainda no primeiro dia de testes (com isso o carro #63 apenas 95 voltas, o menor número entre os GTP), porém a sequência de problemas após o abandono em Daytona por problemas com o sistema de arrefecimento significa uma luz significa uma luz amarela para a equipe Squadra Corse.

Diagrama de Caixa

Antes de iniciar a análise do diagrama de caixa, é importante ressaltar que a análise considera a coleção de todas as voltas em todas as sessões realizadas. Dessa forma, diferentes os diferentes perfis de treino como nível de combustível, troca de pneus e outros fatores podem gerar distorções. 

📷 IMSA / Michael Levitt

Dito isso, analisando o diagrama de caixa podemos perceber que apesar de Porsche e Cadillac terem se apresentado como os carros mais rápidos, na amostra das 60% melhores voltas o Acura #60 e o BMW #25 foram mais constantes, com uma amplitude amostral menor, o que pode indicar um melhor ritmo de corrida. Principalmente o Acura #60 se destaca, pois o tempo médio de volta da amostra foi o menor entre todos os carros que treinaram.

📷 IMSA / Michael Levitt

O Porsche #85 da JDC Miller foi um dos carros que trouxe uma performance aquém do esperado, o que pode indicar um perfil diferente de treinamento em relação aos carros da Penske.

📷 IMSA / Michael Levitt

Já o Aston Martin Valkyrie completou menor quantidade de voltas (170) em relação aos outros fabricantes, que completaram cerca de 300 voltas para cada carro, e também apresentou uma amplitude de 4.1 segundos na amostra, uma das maiores, além do pior tempo médio de volta.

Sobre o método

Para analisar o ritmo de prova dos competidores, desenvolvemos um diagrama de caixa modificado, utilizando como referência as melhores voltas do melhor carro de cada fabricante. 

Para essa análise seguimos a mesma lógica utilizada no BoP da categoria Hypercar do WEC, considerando os 60% de voltas mais rápidas (para contabilizar o efeito de diferentes estratégias de box e a degradação do carro durante a prova).

O dados do gráfico são interpretados da seguinte forma:

  • Ponto verde inferior: representa a melhor volta da prova para um determinado carro;
  • Linha verde tracejada:  representa os 25% de voltas mais rápidas da amostra (1º quartil);
  • Caixa central: representam os 50% de voltas centrais da amostra (2º e 3º quartis);
  • Linha central: tempo médio de volta considerando a amostra;
  • Linha vermelha tracejada: representa os 25% de voltas mais lentas da amostra (4º quartil);
  • Ponto vermelho superior: pior volta da amostra

Em linhas gerais, quanto menores as linhas verde e vermelha, menor a dispersão, ou seja, mais constante foi o carro. Da mesma forma, quanto menor a caixa central, mais constante foi o desempenho. Uma limitação do tamanho e tipo de amostra escolhida é que a distribuição não apresenta um comportamento “normal” nas duas direções, de forma que o  primeiro quartil (linha verde, 25% melhores voltas) sempre aparecerá alongado em relação ao quarto quartil (linha vermelha, 25%  piores voltas).

5 thoughts on “Tech Analysis – Performance GTP nos testes de Sebring

  1. Parabéns pela analise, muito interessante saber que enquanto o Porsche esteve mais rápido, o Honda apresentou um ritmo mais consistente.
    E concordo quando você diz que ACO deveria rever a distribuição de energia por stint para os carros aspirados, para atrair outras marcas – é uma incógnita saber quando e se a Aston Martin será competitiva sem um conjunto híbrido.

    1. Eu penso que é a única maneira de promover um equilíbrio, já que o regulamento IMSA/ACO sempre promulgou que seria uma plataforma multi-energia. Em geral eles pegam mais pesado no BoP das primeiras provas/testes para carros novos, talvez nas próximas etapas o BoP fique mais favorável ao Aston.

  2. Tenho que engolir esse BoP a seco. Faz parte do novo automobilismo.

    Mas francamente, acho um absurdo, enfiar guela a baixo um caminho, o regulamento deveria ser livre com relação a isso.

    Olha o resultado pratico na Alemanha. os políticos batiam no peito que em 2030 não teria mais carro a combustão por lá, e agora taxam os chineses, no automobilismo a liberdade quanto a eficiência energética teria que ser a competição, não uma imposição, mas enfim, é o que temos pra hoje.

    1. Quanto ao BoP, penso que é positivo quanto bem implementado. Na GT3 por exemplo, tivemos diversos carros que não seriam competitivos não fosse o BoP (Bentley, Nissan, BMW M6). Dessa forma, evita-se uma guerra financeira entre os construtores, que é a causa da morte da maioria dos campeonatos de endurance em tempos recentes. Na Hypercar, vale o mesmo, e o BoP entre os LMH e LMDh parece estar em um nível bom, mas gostaria que o BoP fosse mais favorável aos modelos não-híbridos, seja em alocação de energia ou peso.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.