Mamba Negra 2S

O ano de 2022 trouxe grande atividade entre as equipes e construtores brasileiros de carros de competição, com diversas novidades que estrearam nos certames nacionais e regionais. Uma das grandes estréias foi o protótipo Mamba Negra 2S, carro que já apresentamos no final de 2021, e que hoje iremos revisitar em maiores detalhes.

A equipe Mamba Negra Racing é comandada pelo empresário Marcelo Servidone, e nasceu com o conceito de executar todas as atividades em casa, incluindo projeto de chassis, suspensão e aerodinâmico, construção, montagem, preparação do motor e operação em pista, seguindo o mesmo conceito 360º utilizado pelo Grupo Servidone para atender às diversas necessidades dos seus clientes.

Fonte: Gold Classic

Esse conceito pôde ser visto inicialmente na Brasília utilizada pela equipe, que acumula participações em provas longas como 1.000 Milhas e 500 Quilômetros, e também em provas da Gold Classic, que teve o chassi e santantonio totalmente refeitos nas dependências da equipe.

Chassis & Powertrain

No caso do protótipo 2S, todo o trabalho de engenharia foi desenvolvido pela Macpen, empresa que compõem o Grupo Servidone e coordenado pelo Eng. Cesar Servidone. 

O chassi, de projeto próprio, é construído em aço cromo-molibdênio e demandou mais de 800 horas de engenharia entre CAD e CAE, buscando o melhor layout com foco principalmente na segurança dos pilotos. Um exemplo disso é que a equipe optou por utilizar o HALO em conjunto com um santantonio duplo, de forma a evitar que o piloto fique impedido de deixar o veículo na eventualidade do carro ficar em pêndulo após uma capotagem.

De construção tubular, o chassi é revestido com chapas de alumínio aeronáutico, incluindo assoalho e parede corta fogo, além de utilizar chapas de madeirite naval com revestimento cruzado, com três camadas de fibra de vidro, e quatro camadas de fibra de carbono. O alumínio aeronáutico também está presente no revestimento interno do cockpit junto a elementos em fibra de carbono. 

Fonte: Mamba Negra Racing.

Nessa fase inicial, o protótipo utiliza um motor Volkswagen AP 2.0 com cabeçote de fluxo cruzado e cárter seco, acoplado a um transeixo Sadev sequencial de 6 marchas similar ao utilizado nos carros da GT Sprint Race, com trocas através de paddle shift, motorização aquém da capacidade do chassi porém ideal para o desenvolvimento inicial de acertos de suspensão. Os freios são Wilwood, e em breve o protótipo receberá novas rodas do fabricante MSR Rodas.

Aerodinâmica

[NOTA: Esse trecho resgata a análise da publicação de 19 de dezembro de 2021, acrescentando detalhes que pudemos apurar com novas imagens do carro na pista].

Na dianteira do protótipo, se destaca o bico baixo (1), ladeado por duas tomadas de ar (2) que devem ter a função de levar ar para os freios dianteiros, podendo ainda ter função aerodinâmica. Também podemos ver outro par de tomadas de ar (3) em posição mais elevada, que aparentam ser tomadas de ar para os radiadores.

Passando à lateral, não existem aberturas na parte superior das caixas de roda, porém as aberturas laterais (4) devem cumprir a função de aliviar a pressão positiva gerada nas caixas de roda e servir de saída para o ar admitido pelas tomadas dianteiras inferiores (2). Também já está presente o HALO (5), indicando que o protótipo almejava a participação nas provas do Endurance Brasil – algo que jamais chegou a se concretizar.

Ainda na lateral, existe uma barbatana dorsal (6) sobre a carenagem do motor. Na parte baixa, existem dutos NACAs (7) para as tomadas de ar dos freios traseiros, e aberturas com grelhas para ventilação das caixas de roda traseiras (8). A asa traseira fica em posição baixa, e é de simples elemento (9), trabalhando em conjunto com um duck tail (10) no deck traseiro. 

Quando o 2S estreou durante as 1.000 Milhas, já trouxe algumas novidades: as caixa de roda dianteiras receberam aberturas para ventilação (11), e os retrovisores foram instalados (12).

Finalmente, também foi possível ver o difusor traseiro (13), que possui duas seções: uma seção central mais baixa (devido a presença do conjunto motopropulsor) e duas seções laterais com maior volume de expansão, divididos por dois strakes centrais. Além disso, o difusor traseiro é suportado por duas hastes (14), que o fixam à seção traseira do chassi.

Agradecimentos

Agradecemos à equipe Mamba Negra e ao piloto Marcelo Servidone pelas informações compartilhadas que foram inestimáveis para completar essa publicação.

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