Entre os dias 24 e 28 de agosto foi realizada no Ponteio Lar Shopping, em BH, a exposição Ponteio Dream Cars, em comemoração aos 60 anos da indústria automobilística brasileira. Trinta e cinco carros de colecionadores mineiros, brasileiros e importados, foram expostos para representar uma história do automóvel, e hoje veremos os destaques dessa incrível mostra:
Um dos destaques da exposição foi a Ferrari 308 GTB. Incrível como os carros de Maranello tem um poder de atração sobre as pessoas, antes mesmo que essas se dêem conta que se trata de uma das macchinas italianas. Desenhada pelo designer Leonardo Fioravanti do estúdio Pininfarina, a 308 foi apresentada no Salão do Automóvel de Paris em 1975 e dividia muito da sua plataforma mecânica com a controversa Dino 308. Durante sua produção, que durou até 1985, diversas versões foram lançadas, com carrocerias Targa e Berlinetta e motores dotados de injeção eletrônica e quatro válvulas por cilindro. Como último suspiro serviu de base para o desenvolvimento da Ferrari 288 GTO, considerada por muitos o primeiro supercarro da Ferrari.
Outro que chamou muita atenção durante o evento foi o belo Corvette Stingray azul da foto. A primeira geração do Corvette foi lançada em 1951, para ser a resposta americana aos esportivos europeus como Jaguar e Alfa Romeo. A terceira geração foi lançada em 1968 com design inspirado pelo conceito Mako Shark II de Larry Shinoda, que foi produzido entre 1968 e 1982. É interessante notar as diferenças entre dois esportivos contemporâneos entre si mas com filosofias totalmente diferentes: Enquanto a Ferrari 308 GTB vinha com um motor V8 de 2,9 litros e 255 cv montado em posição central-traseira, algumas versões do Stingray chegaram a ser equipadas com gigantescos motores V8 de 7 litros na dianteira, capazes de render mais de 400 cv. Apesar disso, os números de desempenho eram similares, mostrando como existe mais de uma solução para o mesmo problema.
Falando em mais de uma solução para o problema, outro dos destaques foi o Plymouth Barracuda alaranjado acima. No estilo MOPAR OR NO CAR, o belo cupê foi uma atração a parte com sua combinação de cores chamativa e desenho imponente. A terceira geração do carro, como a da foto, dividia a plataforma mecânica com o Dodge Challenger, e podia ser equipada com motores seis cilindros em linha e V8. Produzido entre 1970 e 1974 (quando a crise do petróleo eliminou do mercado americano muitos dos grandes V8 americanos), seus grandes destaques eram as versões equipadas com os motores Hemi 426 e 440 Super Commando Six Pack.
Voltando um pouco para a Europa, talvez o carro de design mais marcante da exposição tenha sido o Jaguar XK 120. Lançado em 1948, foi o carro de produção em série mais rápido do seu tempo com velocidade máxima de 120 mph (193 km/h), daí seu nome. Seu design básico sobreviveu até 1960 nos modelos XK 140 e XK 150, e além do desempenho incrível para um carro de rua da época, também foi um carro incrível para as pistas com vitórias no Alpine Rally e até mesmo na NASCAR, além de ter dado origem ao Jaguar C-Type que venceu por duas vezes as 24 Horas de Le Mans.
É incrível ver como o Fusca, um pequeno carro que ainda é comum nas ruas brasileira é um magneto de olhares. Algo em seu formato inusitado atrai a simpatia de adultos e crianças, que não conseguem passar batido sem dar ao menos um sorriso. Projetado a pedido do ditador Adolf Hitler, o pequeno nasceu como a proposta de um certo Ferdinand Porsche para um carro barato, confortável e espaçoso para as famílias alemãs, isso na década de 1930! A produção começou em 1938, e o último Fusca produzido deixou a linha de montagem em 2003 no México, numa das maiores séries de produção da história. O modelo da foto foi produzido na Alemanha e importado para o Brasil, o que pode ser visto pela presença da janela traseira partida, comumente chamada de split window.
Começando a série de carros brasileiros, o primeiro grande destaque é o Simca Tufão. Fabricado em São Bernardo do Campo, o Simca Chambord era uma versão abrasileirada do francês SImca Vedette, com design inspirado pelos carros americanos da época seja na grande presença de cromados, seja na traseira estilo rabo-de-peixe. Apesar do belo design, o carro era equipado com um fraco motor V8 de 2,3 litros, com apenas 84 cv, o que lhe rendeu na época o apelido de O Belo Antônio, em referência ao personagem de mesmo nome que, apesar de belo era impotente. Ciente das críticas, a Simca retrabalhou o motor, até lançar o modelo Tufão em 1963, com o pequeno V8 agora rendendo 100 HP. A produção se deu entre 1958 e 1967, quando vendo que o Chambord não seria capaz de fazer frente a modelos como o Chevrolet Opala, o modelo Esplanada foi lançado.
O carro mais raro da exposição, o GT Malzoni nasceu numa época onde o cenário do automobilismo brasileiro era bem diferente. Com uma indústria ainda recente, as montadoras investiam na participação em corridas como forma de marketing. No início a equipe DKW se destacou, obtendo diversas vitórias em provas importantes, porém a Willys virou o jogo ao lançar o Interlagos, uma versão tropicalizada do Alpine A106. Com carroceria em fibra de vidro, o pequeno carro pesava apenas 500 kg, e começou a dominar todas as provas que participou, e os pesados sedans Belcar da DKW se mostraram incapazes de fazer frente aos novos competidores. A solução para o problema veio pelas mãos do piloto Mário César de Camargo Filho, o Marinho e do designer Rino Malzoni. Usando como base o chassis do Belcar encurtado, Malzoni criou um ágil cupê de dois lugares com carroceria de aço estampado. O carro foi um sucesso nas pistas, e deu origem a uma pequena produção de 25 unidades. Com o fim das operações da DKW no Brasil, o GT Malzoni ainda deu origem ao primeiro Puma, que tinha design similar ao GT mas utilizando mecânica Volkswagen. O modelo exposto é um dos três primeiros construídos para as pistas, e foi completamente reformado para sua configuração original, participando de diversos eventos de carros históricos desde então.
Primeiro carro fabricado no Brasil, a pequena Isetta é outro daqueles carros que despertam a simpatia de todos. Fabricado sob licença pela fabricante de máquinas ferramenta Romi a partir do projeto italiano da ISO, o carro tem apenas 2,28 metros de comprimento e 350 kg. Equipado com um motor BMW de 300 cm³ e 13 cv, seu desempenho não é dos melhores, porém é um carro econômico, de baixo custo e manutenção simples. Infelizmente essas não eram as características que os brasileiros buscavam em automóveis na década de 1950, e 5 anos após seu lançamento em 1956 deixou de ser fabricada. A unidade exposta faz parte da coleção do MOVA, Museu de Objetos e Veículos Antigos, localizado em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte.