Wortmeyer SCV: air-cooled ao extremo!

Que os eventos de hill climb são berço de diversos protótipos incríveis já não é novidade para ninguém. Carros como o Peugeot 208 e Suzuki Escudo que correram em Pikes Peak e diversos protótipos que correm pelo mundo estão entre os carros de corrida mais potentes e insanos do mundo. Das terras down under  vem o modelo que veremos hoje, provavelmente o carro mais insano com mecânica Volkswagen a ar que você verá hoje.

Sebastien Loeb, Peugeot 208 T16 Pikes Peak, 2015

De propriedade do piloto australiano Peter Gumley desde 1994, o carro foi criado por Jack Wortmeyer na década de 1970. Desde então Gumley vem aprimorando o modelo ano a ano, e já acumula 10 campeonatos australianos de hill climb, frente a concorrentes de construção mais moderna. Veremos abaixo o que faz desse carro um modelo vencedor:

Fonte: MG Car Club of Queensland [1].
Fonte: MG Car Club of Queensland [1].

Powertrain

O motor do Wortmeyer SCV (Special Construction Vehicle) é uma das opções mais comuns na Austrália, um motor VW de uma Kombi com cilindrada aumentada para 2,3 litros, mantendo o virabrequim original de 71 mm mas com um diâmetro de cilindro de 102 mm. A taxa de compressão foi reduzida para 7:1 com um jogo de pistões forjados, e mantendo as bielas originais da VW. A lubrificação é obtida através de um sistema de cárter seco com uma bomba de 3 estágios, e o arrefecimento a ar foi mantido, já que superaquecimento não é um problema em provas curtas como as de hill climb.

Motor VW do SCV, O corpo de borboleta tem diâmetro de 3 3/16" e foi retirado de um motor da F1 Powerboat! Fonte: AutoSpeed [2].
Motor VW do SCV, O corpo de borboleta tem diâmetro de 3 3/16″ e foi retirado de um motor da F1 Powerboat! Fonte: AutoSpeed [2].

Eixo comando, válvulas e molas foram substituídos por peças para alto desempenho, e sistemas de ignição eletrônica da Bosch por sensor hall e de injeção mecânica Hilborn para fornecer metanol para o motor. Inicialmente o motor era equipado com um compressor do tipo Roots, porém ao errar uma marcha Peter acabou destruindo o equipamento. Surpreendetemente, um dos espectadores ofereceu um compressor Whipple do tipo twin-screw, e depois do evento Gumley acabou comprando a peça para o carro. Hoje o motor corre com uma pressão de 18 psi, que é suficiente para que o motor gere estimados 450 HP!!! Segundo o piloto/proprietário, essa preparação permite uma boa curva de torque, com muita força disponível entre 1.000 e 8.000 rpm. Transferindo essa potência está uma embreagem cerâmica tripla aliada a uma transmissão Hewland FT 200 convertida para 4 marchas.

Chassis

O chassis tem construção convencional, numa estrutura treliçada de tubos com costura, com suspensão independente nas quatro rodas. Na dianteira são utilizados braços de suspensão de um Triumph Sptifire, enquanto a traseira recebe uma conjunto um pouco mais sofisticado, retirado de um Brabham de Fórmula 1, e amortecedores Bilstein  montados em posição inclinada são utilizados nos quatro cantos do carro, junto a barras de rolagem ajustáveis para aumentar as opções de set-up de pista para pista. Para parar a máquina, freios a disco ventilado são usados na dianteira e traseira, com pinças AP de dois pistões, com os freios traseiros in-board. As rodas são de magnésio 13”x10” na dianteira e 13”x14” na traseira, equipadas com pneus Avon.

Sistema de freios traseiros in board. Fonte: AutoSpeed [2].
Sistema de freios traseiros in-board. Fonte: AutoSpeed [2].

Já a carroceria é toda em fibra de carbono, desenvolvida pelo próprio Gumley, com a asa traseira  baseada no design dos Reynard de Fórmula 3000, mas montada em posição recuada em relação ao centro da roda para melhorar sua eficiência. O bico também foi desenvolvido após o SCV ser adquirido, e lembra de certa forma os primeiros bicos elevados aplicados na Fórmula 1 no início da década de 1990. Tudo isso faz com que o carro seja um peso leve, com apenas 420 kg, resultando em uma relação peso potência de apenas 0,93 kg/cv, comparável aos monopostos da Indy!!! Com isso o carro é capaz de atingir os 100 km/h em apenas 2,6 segundos, algo vital para as geralmente curtas pistas das provas de subida de montanha.

Bico do SCV. Fonte: AutoSpeed [2].
Bico do SCV. Fonte: AutoSpeed [2].
Asa traseira do SCV. Fonte: AutoSpeed [2].
Asa traseira do SCV. Fonte: AutoSpeed [2].

Até hoje carro e piloto continuam a competir, sempre estando entre os mais velozes nas provas que disputam.

 

Vitórias no Campeonato Australiano de Hillclimb

 

Ano Local Estado Data
1996  Bathrust New South Wales 4-7 de abril
1998 Collingroove South Australia 20 de setembro
1999 Gipslland Park Victoria 29-31 de outubro
2000 Bathrust New South Wales 29 de setembro – 1º de outubro
2001 Mout Cotton New South Wales 28-30 de setembro
2002 Grafton New South Wales 14-15 de setembro
2003 Collingroove South Australia 18-21 de abril
2005 Collingroove South Australia 2 de outubro
2007 Mout Cotton New South Wales 3-4 de novembro
2010 Collingroove South Australia 15-17 de outubro

 

Fontes:

F#186 – Solved – SCV-Volkswagen. Disponível em: http://www.autopuzzles.com/forum/2012-41/f186-solved-scv-volkswagen/. Data de acesso: 30/08/2016.

Knowling, Michael. Hillclimb Hero. Disponível em: http://www.autospeed.com/cms/article.html?&title=Hillclimb-Hero&A=1299. Data de acesso: 30/08/2016.

Imagens:

[1]: Retirado de: Under 40’s Club. Disponível em: http://www.mgccq.org.au/forties.htm. Data de acesso: 31/08/2016.

[2]: Retirado de: Knowling, Michael. Hillclimb Hero. Disponível em: http://www.autospeed.com/cms/article.html?&title=Hillclimb-Hero&A=1299. Data de acesso: 30/08/2016.

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