O pequeno Art tem uma história das mais curiosas entre os fora-de-série brasileiros. O projeto nasceu das mãos do ortodontista Alfredo Soares Veiga, inspirado por outro pequenino, o Dacon 828. Nas palavras do próprio Alfredo para o site Brasileiros fora-de-série:
“Era início dos anos 80 quando vi o Nelson Piquet estacionando o primeiro Mini Dacon no paddock do autódromo do Rio de Janeiro . Não resisti e cheguei bem perto, abri a porta e me sentei ao volante. Fiquei deslumbrado e pensei comigo mesmo: vou fazer um automóvel! Após um período de gestação de aproximadamente 9 meses, nasceu o ART. Fiz no início uma produção independente e depois me associei a Emis, tradicional produtora de buggies e outros veículos especiais, aqui no Rio. Em meados de 1987 encerramos a produção e é maravilhoso e muito gratificante ver os ART ainda desfilando por aí nesse Brasil. Tenho o primeiro automóvel montado, chassis 00001, funcionando e sendo usado quase que diariamente. ”
Lançado em 1984, as primeiras 13 unidades do Art foram produzidas pela Orto Design Indústria e Comércio de Veículos, empresa fundada pelo próprio Alfredo que produzia conversões do Fusca em pick-up e furgão, genericamente chamados de Fusck up e Furgovan. Percebendo que não contava com estrutura fabril para a produção do carro, cedeu os direitos e moldes de produção para a também carioca EMIS, tradicional fabricante de bugies nomeada a partir das iniciais de seu fundador, Eduardo Miranda Santos. Dessa forma, a partir de 1986 a EMIS assumiu a produção do modelo, e nesse mesmo ano, o pequeno carro ganhou destaque no país ao aparecer na novela Cambalacho, da Rede Globo.
Tal como o Dacon 828, o Art nasceu com a proposta de ser um minicarro urbano e, devido a essa concepção, tem comprimento reduzido, com lugar para apenas dois passageiros sem porta-malas, sendo possível carregar alguma bagagem no pequeno espaço atrás dos bancos.
Possui chassi próprio, do tipo tubular, construído em forma de duplo Y com perfis de aço, enquanto a carroceria é de fibra de vidro, com pára-brisa, portas e vidros laterais do Chevrolet Chevette, vidro traseiro da Chevrolet Marajó, faróis e freios do Fusca, lanternas traseiras da Panorama e dianteiras da Volkswagen Brasilia e painel e rodas do Volkswagen Gol.
O fato de possuir chassi próprio faz com que, diferentemente de alguns fora-de-série da época a direção do Art não puxasse para nenhum lado em linha reta, além de propiciar um comportamento neutro ao carro, como afirmou a revista Quatro Rodas ao testá-lo em julho de 1986:
“Ele é absolutamente neutro e agarra firme no chão. Só nas curvas de alta é que sai um pouco de traseira. Mesmo assim seu limite é alto. ”
O motor, como em muitos fora-de-série nacionais é o Volkswagen 1.600 a ar, nesse carro com dupla carburação acoplado a uma transmissão Volkswagen com coroa e pinhão iguais às do SP2, apresentando relações de marchas alongadas que melhor se adaptam ao baixo peso do veículo, reduzindo um pouco o elevado nível de ruído. Este se deve principalmente à dupla carburação e ao escapamento utilizado ser igual ao dos buggies Emis. O baixo peso do carro permitia a ele um desempenho muito bom, sendo apenas meio segundo mais lento que um XR3 na aceleração de 0 a 100 km/h, sem, no entanto, consumir muito combustível.
Ao assumir a produção do Art, a Emis fez algumas alterações no modelo, como a mudança dos repetidores de seta da lateral da carroceria para o para-choque dianteiro e a troca da tampa de acesso ao motor, que inicialmente era uma peça inteiriça incluindo o para-choque traseiro e passou a ser uma pequena janela de acesso.
Ao todo foram produzidos 130 veículos pela Emis até 1987, quando a Emisul Montadora e Comercial de Veículos Ltda. assumiu a produção dos veículos Emis. Em 1991, o Art foi relançado após um redesenhos, agora com o sob o nome Minor. As principais mudanças foram uma nova dianteira, agora com faróis do Chevette, nova traseira com lanternas do Fiat Uno montadas em posição invertida. No interior, o modelo recebeu o painel atualizado do Volkswagen Gol, e perdeu os dois bancos traseiros rebatíveis que haviam sido incluídos pela Emis ao longo da primeira corrida de produção. A produção do Minor durou mais um ano, com 23 unidades produzidas.
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Fontes:
Revista Quatro Rodas, número 312, julho de 1986.
Revista Oficina Mecânica, número 54, fevereiro de 1991.
Emis Art. Disponível em:
https://sites.google.com/site/exoticcarspage/microcarros/emis-art.
Grandes Brasileiros: Emis Art. Disponível em: https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/grandes-brasileiros-emis-art/.
Emis Art. Disponível em:http://planetabuggy.com.br/classicos/emis/emisart.htm.
Emis Art. Disponível em:
http://brasilforadeserie.blogspot.com/2011/03/emis-art.html.
Orto Design. Disponível em:
http://www.lexicarbrasil.com.br/orto-design/.
Emis. Disponível em:
http://www.lexicarbrasil.com.br/emis/.
Emisul. Disponível em:
http://www.lexicarbrasil.com.br/emisul/.
Emis Art. Disponível em:http://planetabuggy.com.br/classicos/emis/emisart.htm.
Emis Art. Disponível em:
http://brasilforadeserie.blogspot.com/2011/03/emis-art.html.
Orto Design. Disponível em:
http://www.lexicarbrasil.com.br/orto-design/.
Emis. Disponível em:
http://www.lexicarbrasil.com.br/emis/.
Emisul. Disponível em:
http://www.lexicarbrasil.com.br/emisul/.
Imagens:
[1]: Retirado de: https://www.motorsportimages.com/photos/?search=nelson+piquet+dacon+828
[2]: Retirado de: Revista Quatro Rodas, número 312, julho de 1986.
[3]: Retirado de: Grandes Brasileiros: Emis Art. Disponível em: https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/grandes-brasileiros-emis-art/.
[4]: Retirado de: Emisul. Disponível em: http://www.lexicarbrasil.com.br/emisul/.