Após a longa pré-temporada forçada pela pandemia de Covid-19, finalmente o Império Endurance Brasil retornou às pistas. Com tempo de sobra para se preparar, as equipes trouxeram diversas novidades em busca dos décimos de segundo capazes de fazer a diferença entre a vitória e a segunda posição.
Sobre a prova, foi um belo exemplo de organização, tanto fora das pistas, seguindo as recomendações de saúde para evitar a propagação do novo coronavírus, quanto dentro da pista onde o pessoal de suporte trabalhou de forma eficiente e as equipes puderam se concentrar na disputa da prova. Especial destaque para a boa atuação da comissão desportiva no julgamento de eventos de corrida e dos times de suporte de pista como fiscais, brigada de combate ao incêndio e equipe de resgate.
Outra grande novidade da prova foi a transmissão pelo SportTV, à qual infelizmente não pude acompanhar. Contudo, a transmissão pelo YouTube foi de excelente qualidade, com destaque para a narração de Geferson Kern e os comentários de Bruno Império.
Começando pela categoria P3 que teve 6 carros inscritos, veremos que ser a categoria de entrada não significa que as equipes fiquem paradas, e diversas atualizações foram implementadas por todo o grid.
#7 – Sette Car Racing – MRX Sette / Honda K20 – Aldoir Sette / Marcelo Campagnolo
Vencedor a etapa de abertura, o MRX Sette nasceu como um protótipo MRX convencional, porém tal é a extensão das modificações pelas quais passou que hoje recebe uma nomenclatura diferenciada. Ainda como MRX, o protótipo de motor Honda K20 sempre foi um dos carros mais rápidos, e passou por uma série de evoluções que o mantiveram competitivo.
Voltando um pouco no tempo, ainda na temporada 2018 o carro era um modelo padrão, mantendo a carenagem similar à do lançamento do MRX nos idos de 2009, com as principais mudanças sendo a asa traseira e a ausência dos scoops à frente das caixas de roda traseiras. Além disso, usualmente o protótipo competiu com a adição de um par de canards na dianteira.
Passando para a temporada 2019, o protótipo de Nova Hartz surgiu com o bico revisado dos MRX, contando com o splitter com elevação central, novo conjunto ótico e abertura entre splitter e região superior da carroceria. Durante a temporada foram adicionados cabos de segurança ao splitter dianteiro, provavelmente para lidar com um excesso de flexão nesse componente. Na lateral as tomadas de começaram a temporada praticamente padrão, mas no meio da temporada o design já havia migrado para algo muito semelhante ao encontrado em monopostos do tipo fórmula.
Ainda na lateral, se destacavam os para-lamas com design único em relação aos demais MRX, enquanto a traseira utilizava uma asa de simples elemento com um difusor aparentemente maior que o de outros protótipos MRX.
Ainda na última etapa de 2019, um novo conceito aerodinâmico foi apresentado, num primeiro teste para a temporada 2020. Na dianteira foi adotado um splitter com elevação central, para-lamas estilo pontoon com novo conjunto ótico. Foram adotados também dois winglets em cada lado sobre o splitter com dois elementos transversais unindo os para-lamas ao bico que parecem apresentar perfil aerodinâmico, incluindo até um pequeno Gurney flap.
Na traseira foi adotada uma asa de duplo elemento, com suportes do estilo swan neck com grandes alívios de massa, incluindo o nome da equipe estilizado. Como resultado, o novo pacote aerodinâmico comprovou seu potencial já que na estreia, quando o carro #7 cravou a melhor volta da prova entre os protótipos P3, ainda que tenha sofrido com problemas durante a prova.
Na prova de Interlagos, o protótipo gaúcho trouxe diversas novidades aerodinâmicas, como a atualização da asa dianteira com quatro elementos, seguindo a tendência vista na F1 e nos protótipos AJR. As tomadas de ar laterais também receberam um tratamento mais refinado, com molduras também ao estilo F1.
Mas a maior evolução aconteceu na parte posterior do protótipo, onde a cobertura das rodas traseiras passou a ter um formato de pontoon, com uma entrada de ar de formato curioso, que parece ser utilizada para a refrigeração dos freios traseiros.
A vitória na primeira etapa, porém, não foi um passeio no parque. Desde o início da prova a equipe Sette Car enfrentou uma quebra na asa traseira, que foi corrigida ao estilo das 12 Horas de Tarumã. Mesmo com as dificuldades o MRX Sette perseverou na prova aproveitando-se dos problemas enfrentados pelos demais competidores para obter pontos que podem se mostrar cruciais na luta pelo campeonato.
Imagens:
[1]: Endurance Brasil. Disponível em: https://www.facebook.com/endurancebrasil/.
[2]: MRX #7. Disponível em: https://www.facebook.com/MRX-7-2456388141120027/.