Tech Analysis – Primeira Etapa do Campeonato Gaúcho de Endurance

A temporada 2025 do Campeonato Gaúcho de Endurance teve início com as 2 Horas em Tarumã, trazendo diversas novidades no regulamento que já foram apresentadas aqui. Passada a prova, vamos analisar o desempenho dessa primeira etapa que trouxe o retorno de diversos carros que estavam parados para as pistas.

Tal como em nossa análise de 2024, usamos o Sigma P2 G5 #12 como modelo de referência para comparar a evolução do desempenho dos carros. Com a P1 em 2025 seguindo basicamente o regulamento da P2 em 2024, as diferenças técnicas podem ser desconsideradas, e dão uma boa percepção das diferenças na condição da pista.

O melhor tempo de volta de Jindra Kraucher na prova de 2025 foi de 1m01s886, 1s236 mais veloz do que o tempo de 2024, e quase 4 décimos abaixo do tempo registrado em 2023, indicando uma boa condição de pista no final de semana.

Novidades da etapa

Uma grande novidade e alguns retornos marcaram a etapa de abertura do Gaúcho de Endurance 2025. Primeiro, a equipe MC Tubarão apresentou um novo protótipo P3, baseado no GeeBee R5 da GT Race Cars. Equipado com motorização Ford Duratec aspirada, o modelo recebeu algumas atualizações desenvolvidas pela equipe de Campo Bom e a tradicional pintura Yokohama, porém um acidente ainda nos treinos livres tirou o bólido da competição antes mesmo do classificatório. A equipe segue preparando o carro, que deve estrear na segunda etapa do campeonato.

📸 MC Tubarão.

Também na P3, houve o retorno do protótipo VBS 001, figura carimbada do Brasileiro de Endurance na primeira década nos anos 2000, e que havia participado de provas pela última vez durante a temporada 2019 do Endurance Brasil. Pilotado por Gustavo Frey e Alexandre Souza, o VBS trouxe como novidade a instalação do HALO e surpreendeu com a pole-position da sua classe.

Outro grande retorno para as pistas foi do belo protótipo DTR01, agora pilotado por Ian Ely e Eduardo Dieter. Após mostrar muita velocidade em sua passagem pelo Endurance Brasil, o protótipo gaúcho retornou em grande estilo, conquistando a pole position geral da prova.

O carro surgiu com pequenas alterações na prova, como a mudança de formato das tomadas de ar para os freios traseiros (que saíram de perfil quadrado para perfil circular) e os novos louvres sobre as tomadas de ar laterais.

Análise do classificatório da P1

Surpreendentemente, a pole position ficou com o DTR01 de Ian Ely e Eduardo Dieter, que após um hiato de 5 anos das pistas retornou de maneira triunfal, marcando o tempo de 1m00s045 – exatamente o tempo alvo estabelecido pelo BoP para a P1. Contudo, durante o final de semana tanto o DTR quanto o AJR 46 da Mottin Racing chegaram a virar na casa de 59 segundos. Caso esse desempenho permaneça, não é impossível que o BoP seja revisto para as próximas etapas.

Análise da corrida

Para avaliar o desempenho dos diversos protótipos, escolhemos as 37 voltas mais rápidas dos três carros que completaram a prova, o que equivale a 40% das voltas completadas pelos vencedores Adriano Baldo, Juliano Moro e Ernani Kuhn. No caso do Sigma de Jindra Kraucher, consideramos 40% das voltas completadas antes do incidente que o retirou da prova, o que pode gerar um desvio amostral no comparativo, mas mesmo assim traz informações interessantes.

As amplitudes dos tempos de volta dos quatro carros da classe P1 ficou entre 3 a 4 segundos, mostrando um pouco da dinâmica de uma prova afetada por diversas bandeiras amarelas e até mesmo uma bandeira vermelha. 

📸 @willnacio

A melhor volta da prova ficou com o AJR #46, com a marca de 1m01s373, cerca de 3% acima do melhor tempo marcado nos treinos livres, já que o carro não participou do classificatório.

📸 @willnacio

O menor gap entre classificação e prova ficou com o Sigma G5 de Jindra Kraucher com apenas 3 décimos de diferença, mostrando a constância do pacote que vem sendo desenvolvido há três anos. 

O maior gap entre treinos e prova ficou com o DTR01, o que não é uma surpresa visto que o protótipo sofreu uma quebra da engrenagem de terceira logo após cravar a pole, e largou após cerca de meia hora de prova para adquirir quilometragem em pista, mantendo um ritmo mais leve.

* Para o AJR 46, o melhor tempo indicado se refere aos treinos livres.

Sobre o método

Para analisar o ritmo de prova dos competidores, desenvolvemos um diagrama de caixa modificado, utilizando como referência as melhores voltas do melhor carro de cada fabricante. 

Para essa análise seguimos a mesma lógica utilizada no BoP da categoria Hypercar do WEC, porém considerando os 40% de voltas mais rápidas (para contabilizar o efeito de diferentes estratégias de box e a degradação do carro durante a prova).

O dados do gráfico são interpretados da seguinte forma:

  • Ponto verde inferior: representa a melhor volta da prova para um determinado carro;
  • Linha verde tracejada:  representa os 25% de voltas mais rápidas da amostra (1º quartil);
  • Caixa central: representam os 50% de voltas centrais da amostra (2º e 3º quartis);
  • Linha central: tempo médio de volta considerando a amostra;
  • Linha vermelha tracejada: representa os 25% de voltas mais lentas da amostra (4º quartil);
  • Ponto vermelho superior: pior volta da amostra

Em linhas gerais, quanto menores as linhas verde e vermelha, menor a dispersão, ou seja, mais constante foi o carro. Da mesma forma, quanto menor a caixa central, mais constante foi o desempenho. Uma limitação do tamanho e tipo de amostra escolhida é que a distribuição não apresenta um comportamento “normal” nas duas direções, de forma que o  primeiro quartil (linha verde, 25% melhores voltas) sempre aparecerá alongado em relação ao quarto quartil (linha vermelha, 25%  piores voltas).

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3 thoughts on “Tech Analysis – Primeira Etapa do Campeonato Gaúcho de Endurance

  1. O Gaucho de endurance se mantem como a principal categoria do pais depois do Imperio endurance que é Nacional, o Gaucho supera facilmente o paulista. Essa superioridade não é apenas pela diversidade apresentada, mas claramente é o lugar mais indicado pra quem quer colocar um prototipo para competir, e desenvolver a longo prazo, para quem sabe se preparar para o Brasileiro.
    Gostei muito da primeira corrida, esperando pela segunda com bastante entusiasmo.
    Fico meio confuso de entender as estrategias do time Tubarão, nos ultimos anos, tirando o prototipo estilo GT40, os demais projetos de prototipo da mitica equipe, me deixaram um perdido, me parecem escolhas digamos , exoticas!

    1. Diria que hoje o Gaúcho de Endurance e o Road to Mil Milhas tem um nível parecido quanto aos carros que competem com ligeira vantagem para os gaúchos entre os protótipos mas com uma pequena vantagem para a estrutura do Road que a compartilha com o Paulista, que é a melhor dos regionais atualmente. Quanto à equipe MC Tubarão, vejo que eles vêm buscando alternativas ao “lugar comum”, buscando uma vantagem justamente na diferença do que os demais competidores utilizando. Resta ver como será o desempenho do GeeBee R5 na próxima do gaúcho, já que a equipe anunciou ainda mais novidades para o protótipo!

  2. Opa!!!! Atualizando, neste fim de semana teve a 2nd etapa do gaucho e o DTR andou muito bem, foi muito bacana ver este prototipo largar na primeira fila e terminar no podium!!!
    Ou seja, já encontraram uma boa relação entre velocidade e resistencia do carro.

    Vamos ver como a coisa se desenvolve, mas foi muito bacana ver as 3 marcas, AJR, Sigma e agora o DTR andando juntos.

    Foi uma grande e agradavel surpresa ver a corrida pelo You Tube !

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