Hypercar à Brasileira: chega ao Brasil o primeiro Pagani Huayra R

A GT Series Cup anunciou uma nova classe Hypercar para seu campeonato, que até agora apresentava as classes GT3 e GT4 em um formato de competição sprint. No entanto, diferentemente dos Hypercar do WEC, que apresenta principalmente carros tipo protótipo, com exceção do Glickenhaus SCG 007 e do Aston Martin Valkyrie, que de alguma forma têm uma versão legal para as ruas, a GT Series Cup irá contar com versões Track Day de hipercarros de rua. O primeiro carro a ser anunciado é o chassi Pagani Huayra R #12 de 30, que desembarcou no Brasil em 27 de janeiro e acaba de completar seu shakedown em Interlagos. A organização espera que pelo menos mais dois carros se juntem à classe durante o ano, outro Pagani e um Bugatti (Bolide, é você?).

📷 @gtseriescup / @rodrigoruiz1

O som do motor e a presença do Huayra R no Brasil trazem alguma nostalgia aos fãs de corrida mais antigos, que se lembrarão de outro carro de corrida exclusivo que correu localmente, o Mercedes CLK-GTR do falecido Alcides Diniz, que também era um carro somente para pista equipado com um V12 naturalmente aspirado. Embora o Pagani tenha sido importado em regime temporário somente para pista, ele terá uma vida muito diferente em comparação ao CLK-GTR. Enquanto o Mercedes só viu ação em eventos fechados na pista de corrida de Capuava, longe dos olhos do público, os brasileiros terão a oportunidade única em todo o mundo de ver um Huayra R em corridas reais. A estreia do carro está prevista para ser na primeira rodada do campeonato, em 8 e 9 de março.

Sobre o Huayra R

O Pagani Huayra foi apresentado em 2011 como o sucessor do Zonda. O nome é uma referência a Wayra Tata, o deus do vento quéchua, e teve a produção limitada a 100 unidades, esgotada em 2015. O Huayra R foi lançado em 2021 como sucessor do Zonda R, com produção limitada a apenas 30 carros e um preço de 2,6 milhões de euros.

📷 Pagani.

Análise técnica

Chassis

📷 @gtseriescup / @rodrigoruiz1

Embora inicialmente planejado para ser baseado no monocoque de carbono-titânio do Huayra, o chassi do Huayra R acabou se tornando um monocoque de três partes padrão com a FIA com laterais mais altas e uma gaiola de segurança reforçada com estruturas compostas de absorção de energia integradas ao monocoque para suportar impactos e capotamentos, resultando em um aumento de 16% na rigidez torcional e 51% na rigidez flexural, mantendo o peso em apenas 1.050 kg. A seção central permanece construída em Carbo-Titanium HP62 G2 e Carbo-Triax HP62 patenteados pela Pagani, com subestruturas tubulares dianteiras e traseiras em aço cromo-molibdênio.

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No interior, a segurança contra incêndio é gerenciada por um sistema automático de extinção, enquanto os assentos monocoque de carbono fixos apresentam cintos de seis pontos e capas Nomex resistentes a chamas. Além disso, o estofamento de espuma Ener-Core EC 50 aprovado pela FIA aumenta o conforto e a proteção, com encostos de cabeça de fibra de carbono oferecendo suporte lateral. No final, apenas os espelhos são uma herança do Huayra de estrada, tornando-o um GT1 moderno. 

Os sistemas de suspensão, freios e pneus do Huayra R demonstram a engenharia de ponta da Pagani. Sua suspensão apresenta nova cinemática e geometria com componentes de liga de alumínio forjado, braços duplos independentes e amortecedores ativos controlados eletronicamente. Esta configuração garante transferência máxima de potência, manuseio preciso e aderência ideal em pneus slick, integrando-se perfeitamente com a aerodinâmica ativa do carro para estabilidade superior em curvas e frenagem.

📷 @gtseriescup / @rodrigoruiz1

A frenagem é alimentada por discos de carbono-cerâmica autoventilados CCM-R avançados da Brembo, projetados para condutividade térmica, rigidez e durabilidade excepcionais sob condições extremas de pista. Para pneus, a Pagani colaborou com a Pirelli para desenvolver uma versão slick do P Zero, oferecendo controle, tração e desempenho de frenagem de primeira linha. Esses pneus padrão de corrida, disponíveis nas versões Dry e Wet, garantem a máxima aderência. Rodas de liga de alumínio de 19 polegadas, desenvolvidos com a APP Tech, melhoram ainda mais o desempenho e a eficiência.

Trem de força

O Huayra R é um hipercarro focado em pistas, desenvolvido com engenharia 100% sob medida, livre das restrições de modelo de produção. Um destaque importante é seu motor Pagani V12-R, um V12 de 6,0 L naturalmente aspirado que fornece 850 cv a 8250 rpm e 750 Nm de torque, enquanto pesa apenas 198 kg. Para transmitir toda essa potência, o carro utiliza uma caixa de câmbio sequencial de seis velocidades, projetada com a HWA AG para máxima precisão de troca, eficiência de atrito de 95% e uma construção leve de 80 kg. Integrado diretamente com o monocoque e a suspensão, ele aumenta a rigidez estrutural e o desempenho geral.

📷 @gtseriescup / @rodrigoruiz1

Também projetado com a HWA AG, o Huayra R apresenta um sistema de escapamento feito de liga leve Inconel e revestido em cerâmica, garantindo dissipação de calor ideal e mínima contrapressão. Projetado para desempenho e acústica, ele oferece um rugido estilo F1 atingindo até 140 db, enquanto silenciadores opcionais mantêm as emissões de ruído dentro do limite de 110 db da FIA.

Aerodinâmica

📷 @gtseriescup / @rodrigoruiz1

O pacote aerodinâmico do Huayra R foi desenvolvido com a meta de atingir 1.000 kgf de downforce a 320 km/h. Isso foi feito por meio da implementação de um novo design de divisor na frente (1), com canards (2) e duas novas entradas de ar laterais para melhorar o resfriamento do freio dianteiro e canalizar o fluxo de saída para os lados para melhorar a eficiência aerodinâmica. Os flaps ativos da versão de estrada se foram e o capô recebeu novas aberturas de ventilação para melhorar a eficiência do resfriamento (3). As saídas de ar foram adicionadas aos arcos das rodas (4) para melhorar o downforce dianteiro.

📷 Pagani.

Movendo-se para o lado, uma abertura foi introduzida logo após o arco da roda dianteira para melhorar o fluxo para a seção traseira (5), com uma aleta (6) colocada no lado de descarga. Uma concha no teto (7) foi adicionada para melhorar a respiração do motor, e uma barbatana vertical (8) foi adicionada para melhorar a estabilidade.

📷 Pagani / Porsche.

A asa traseira (9) possui um único elemento, com duas aletas nos cantos (10) e um suporte lateral (11) traz clara inspiração no Porsche 917 Langheck 1969 (12).

📷 @gtseriescup / @rodrigoruiz1

Essas asas funcionam em conjunto com o piso plano e o difusor traseiro (13), mantendo também os flaps ativos na parte traseira (14) para completar o pacote aerodinâmico.

Performance esperada

É bem difícil estimar o desempenho de pista do Huayra R, pois sendo principalmente um carro de Track Day os dados para tempos de volta não estão prontamente disponíveis, já que a maioria dos tempos são registrados em sessões privadas. No entanto, com base em alguns dos dados disponíveis, nosso tempo estimado de volta em Interlagos, no modo de qualificação, é de 1m29s2, com um tempo na zona de 1m28s sendo possível com um piloto profissional e as condições certas.

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4 thoughts on “Hypercar à Brasileira: chega ao Brasil o primeiro Pagani Huayra R

  1. Sem duvida é grande expectativa sobre o desempenho do carro nas pistas, estes GTs de track day são preparados pra corridas sprint e a diversidade de modelos pelo mundo a fora é grande, acho interessante sim, porém o grid ainda é magrinho.
    Vejo que nosso automobilismo esta em boa faze interna, mas ainda me preocupa um pouco essa coisa de novas e novas categorias surgindo, teremos pilotos pra todos?
    Na pratica me parece que a GT Series Cup é como se fosse uma força livre, me agrada o formato, torço pelo sucesso!!!
    Não vinha acompanhando, mas esse ano quero ver mais de perto como a categoria vai se desenvolver.

    1. Já vinha acompanhando a GT Series, e ela meio que segue o formato GT Open, com algumas pitadas de carros exóticos. Ano passado foram as Lamborghini Huracan Super Trofeo, e até uma Maserati Trofeo. Esse ano com os Hypercar as provas vão ganhar um colorido único no mundo todo.

  2. Se isto se concretizar, vai lembrar a finada BPR no meio dos anos 90’s e a antiga GT1.

    1. Minha torcida é para que se concretize, e se acontecer arrisco que vamos ter os GTs e protótipos mais interessantes do mundo nas nossas pistas.

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