A temporada 2022 do Império Endurance Brasil trouxe diversas novidades na classe P1. Além do Sigma P1 G4 e do Ligier JSP320, a tradicional equipe MC Tubarão também preparou um novo carro em seu retorno à classe principal do certame.
Nesse desenvolvimento, os gaúchos se associaram à Sigma P1 Engenharia, para desenvolver a décima primeira geração do protótipo MC Tubarão. O carro utiliza como base o chassi dos protótipos Sigma, porém com cockpit aberto e adoção do HALO, conforme regulamento da Endurance Brasil para protótipos abertos:
Na motorização, a MC Tubarão optou por um caminho diferente dos V8 americanos de Chevrolet e Ford: a escolha recaiu sobre o motor Ford Duratec Turbo preparado pela Dacar Motorsport, receita similar à utilizada no protótipo Tubarão IX, que é acoplado ao mesmo transeixo Ricardo utilizada no Sigma P1 G2.
Essa escolha buscou enquadrar o carro em uma faixa de peso inferior no regulamento, compensando o motor menor com menor consumo de combustível e pneus:
A mecânica ainda utiliza um lay-out de suspensão similar ao Sigma G2, porém itens como amortecedores, sistema de freios e rodas foram especificados pela MC Tubarão.
Também a aerodinâmica traz muito dos conceitos das diferentes gerações do Sigma, como o splitter dianteiro (1) que trabalha em conjunto com os elementos centrais (2), conceito similar ao Sigma G3, enquanto as caixas de roda (3), tem design similar ao do Sigma G4. Curiosamente, a MC Tubarão optou por caixas de roda completamente abertas (4), um contraste com os louvres tradicionalmente utilizados pela Sigma. Interessante notar que a equipe não utilizou os grandes canards que estão se popularizando na categoria, uma indicação de que o Tubarão XI é menos afetado pela falta de downforce dianteiro.
Contudo, o grande destaque do Tubarão XI é o cockpit aberto, que além do HALO recebeu um revestimento em acrílico, similar ao Aeroscreen da Indy (5). Segundo informações, essa configuração apresenta desempenho aerodinâmico similar a um cockpit fechado, porém acreditamos que apresente massa ligeiramente reduzida, bem como uma sutil redução no centro de gravidade.
O assoalho utiliza um gerador de vórtice (6) similar ao do Sigma G4, com pára-lamas traseiros (7) estilo pontoon. A carenagem do motor apresenta louvres (8) e a tradicional barbatana dorsal (9). Por fim, a asa traseira de duplo elemento (10) é similar à do Sigma G2, equipada com DRS.
No detalhe lateral podemos observar a tomada de ar para os freios traseiros estilo NACA (11).
O difusor traseiro tem dimensões generosas, com configuração similar ao Sigma G4.
Nesta imagem podemos ver o detalhe dos dutos de arrefecimento dos freios dianteiros (13) e da saída da descarga (14).
A estreia do Tubarão XI aconteceu na segunda etapa, disputada em Interlagos, foi marcada por problemas, e um desempenho aquém das expectativas, com voltas em tempo similar ao de carros da categoria P3. Como consolação, a equipe conseguiu completar a prova na última posição dentro da P1, marcando seus primeiros pontos na tabela de classificação.
Na prova seguinte, disputada em Santa Cruz do Sul novamente o Sigma Tubarão teve um desempenho abaixo do esperado, e somente na quarta etapa o carro demonstrou maior progresso, reduzindo pela metade o gap para os carros mais rápidos da P1, ficando em uma janela de performance similar à dos protótipos P2.
A última prova da equipe MC Tubarão com o Tubarão IX na temporada foi nos tradicionais 500 km de Interlagos, onde a equipe competiu pela classe P2 e portanto, sem o DRS (nos 500 km era vetada a participação de protótipos P1). Nessa configuração o trio Tiel de Andrade, Paulo Sousa e Marcelo Vianna conquistaram a pole, com a marca de 1m37s128, e após quase 4 horas de prova conquistaram a vitória, a primeira de uma equipe gaúcha na prova paulista, mostrando uma evolução interessante de desempenho em relação à primeira prova da equipe.
Após a vitória nos 500 km, o Tubarão XI não retornou às pistas, e no final do ano foi desmontado, e seu motor transplantado para o Tubarão MC40, que competiu nas 1.000 Milhas do Brasil de 2023.
Resultados
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A great article, as usual! I adore all this tech bits we really miss in prototype racing at the international level. Not saying about the atmosphere of long history for these private teams of huge enthusiasts.
Pena que o projeto foi abandonado e nunca saberemos até onde podia ser desenvolvido. Mas ainda fica algumas duvidas , o chassi foi devolvido a Sigma ? Ou foi desmontado para reverem o projeto e depois relançar uma segunda versão?