No capítulo de hoje trazemos a história da classe GP1 (Gran Turismo & Protótipos 1), que foi a principal classe do Endurance Brasil entre as temporadas 2015 e 2017. O regulamento nessa época previa que na classe GP1 competiriam os modelos GT3 importados e protótipos nacionais com motorização aspirada acima de 2.100 cm³ ou sobrealimentada. O regulamento da GP1 era uma evolução da classe I do Campeonato Gaúcho de Endurance, que por sua vez era baseado no do antigo Campeonato Brasileiro de Endurance.
Apesar dessa mistura entre GTs e Protótipos causar estranheza em alguns, é necessário olhar para essa escolha dentro do contexto histórico, já que o objetivo nos primórdios do Brasileiro de Endurance era que os fabricantes nacionais de protótipos tivessem chance de competir em igualdade com os competidores mais abastados que podiam trazer carros importados. Para isso, os modelos importados foram limitados aos modelos GT, evitando assim que alguém com os bolsos mais fundos trouxesse um protótipo de ponta como os LMP1 e LMP2 e dominasse completamente o campeonato.
Audi R8 LMS GT3
Uma das heranças da GT3 Brasil, a passagem do Audi R8 LMS GT3 da família Ebrahim pelo Endurance Brasil não repetiu os bons resultados obtidos nos tempos do campeonato de GTs. Com apenas uma participação pela classe GT1 nos 500 km de Curitiba, a dupla Betinho Valério e Fábio Ebrahim classificou o carro em uma excelente 4ª colocação na prova, porém abandonaram a prova com pouco mais de ⅓ das voltas completadas pelo vencedor.
Chevrolet Vectra Stock Car
Um dos clássicos do Endurance Brasileiro na década de 2010, o Vectra Stock Car da equipe Absoluta Racing de Ney Faustini está intimamente ligado à história do Endurance Brasil, já que participou da prova de abertura da temporada 2015. Com um motor Chevrolet V8 Quadrijet de 580 cv, o Stockão era uma visão à parte nas provas, com o ronco grave do V8 contrastando com os motores 4 cilindros turbo dos principais protótipos da classe GP1.
Chevrolet Cobalt Stock Car
Por ser intimamente ligada à Chevrolet, já que a Absoluta além de equipe de competição também uma rede de concessionários da marca americana, fazia pouco sentido para a equipe seguir competindo com a carenagem do Vectra, um carro que já estava fora de linha desde 2011. Para isso, uma nova carenagem inspirada pelo Cobalt foi projetada pelo Neyzinho Faustini, e executada pelo Carlos Tigueis para a temporada 2016. Com a nova cara, mas mantendo a mecânica, o novo carro teve como ponto alto a terceira posição na classe GP1 na etapa de encerramento da temporada de 2016, em Tarumã.
Lamborghini Gallardo LP560 GT3
Desenvolvido pela Reiter Engineering, o Gallardo LP560 GT3 é outra herança da GT3 Brasil, com as primeiras unidades chegando ao país em 2010. O carro de Fernando Poeta foi figura presente durante as temporadas de 2015,2016 e 2017 do Endurance Brasil, sempre se mostrando competitivo ao obter uma série de segundas e terceiras posições em sua classe, porém sem ter conquistado nenhuma vitória. Mesmo assim, o Gallardo se tornou um dos favoritos dos fãs, devido ao maravilhoso ronco do motor V10 italiano que é lembrado até hoje por quem pôde acompanhar as provas de perto.
MC Tubarão IX
Baseado na célula de sobrevivência do MRX, o protótipo Tubarão IX foi apresentado em 2012 com motorização Ford Duratec Turbo, para competir na classe I do Campeonato Gaúcho de Endurance e também na classe Top 1 PR da Top Series, nome do brasileiro de endurance na época.O Tubarão IX tem um histórico invejável de vitórias incluindo 7 vitórias na geral e na classe GP1 do Endurance Brasil e o campeonato da classe GP1 em 2016 para Tiel de Andrade e Franco Pasquale.
MCR Grand Am
Um dos protótipos mais icônicos do Endurance Brasil, o MCR Grand Am é mais uma das criações do engenheiro Luiz Fernando Cruz. Desenvolvido com base no regulamento americano para os Daytona Prototypes, o MCR Grand Am foi construído utilizando diversos elementos mecânicos do Lamborghini Gallardo LP560 GT3, tais como motor, transmissão e até mesmo o aerofólio traseiro. Tendo estreado nas pistas em 2016, o modelo teve como destaque a vitória nas 12 Horas de Tarumã em 2016 e um histórico invejável de confiabilidade entre os protótipos nacionais, apesar de ter conquistado apenas um vitória na classe GP1, pelo Campeonato Gaúcho de Endurance
Metalmoro MCR #71
Originalmente um projeto desenvolvido em conjunto pela Metalmoro, Mottin Racing e pelo engenheiro Luiz Fernando Cruz, o MCR estreou em 1999 conquistando a vitória nas 12 Horas de Tarumã, além de uma série de vitórias em provas de longa duração nos campeonatos gaúcho e brasileiro. Em particular, o MCR #99 da família Hoerlle obteve diversas vitórias, até passar as mãos do piloto Ian Jepsen Ely, que junto a Daniel Claudino conquistou a vitória na classe GP1 na etapa de encerramento da temporada 2016.
Metalmoro MRX
Apresentado em 2009 como sucessor do MCR, o protótipo MRX representou uma grande evolução para os protótipos da Metalmoro, após 10 anos de importantes vitórias. Já em sua estréia, o novo carro conquistou vitórias nas quatro provas mais importantes do endurance brasileiro: 12 Horas de Tarumã em (2009, 2012 e 2013), 500 km de São Paulo (2013, 2016, 2020, 2021 e 2023), 500 Milhas de Londrina (2012, 2015, 2019 e 2021) e 1.000 Milhas do Brasil (2021). Também no Endurance Brasil os protótipos MRX foram uma força, conquistando 43 vitórias em sua classe, além de cinco títulos na classe (nas temporadas 2015, 2017, 2019, 2020 e 2022). Na classe GP1, se destacaram o MRX #28 de Juliano Moro, com motorização Audi Turbo, e os MRX #65 da família Ribeiro (motorização Ford Duratec Turbo) e #80 de Alexandre Finardi (motor Nissan V6 aspirado).
Metalmoro MRX #26
Grande campeão da temporada 2014 do Gaúcho de Endurance, após vencer 3 das 6 etapas disputadas, o MRX Opel Turbo da família Scheer recebeu um grande pacote de modificações para a temporada 2015, com mudanças na carenagem, suspensão e principalmente a adoção de rodas aro 18, com freios e pneus maiores. Infelizmente, a mudanças não surtiram o efeito desejado, e o modelo não obteve sucesso nas provas que disputou entre as temporadas 2015 e 2016 do Endurance Brasil.
Metalmoro MR18
Criado como uma evolução do MRX, o MR18 estreou nas 12 Horas de Tarumã de 2013 com grandes expectativas. Com cockpit fechado e design estilo Le Mans, o protótipo da Metalmoro recebeu diversas motorizações como Audi Turbo, Honda K20 Turbo e Mitsubishi Turbo, e um carro chegou a ser construído com motorização Radical V8 3.0, porém jamais chegou a competir. No Endurance Brasil, o modelo conquistou duas vitórias na classe GP1: com Cláudio Ricci e Jansen Bueno nas 3 Horas de Rivera em 2015 e com Francesco Ventre e Eduardo Dieter nas 3 Horas de Santa Cruz do Sul em 2016. A chegada do AJR em 2017 tornou o MR18 obsoleto nas pistas, com diversas equipes migrando para o novo protótipo ou para projetos próprios, como o DTR01.
Metalmoro JLM AJR
Apresentado em 2017, o AJR nasceu da ideia de Juliano Moro para criar uma evolução do protótipo MR18, com aerodinâmica mais refinada. Contudo, o resultado final foi um carro com chassi completamente novo e aerodinâmica refinada, que marcou o início de uma nova era para os protótipos brasileiros. Na temporada de estreia, o AJR conquistou a pole-position em todas as etapas das quais participou, e a primeira vitória na prova de encerramento do campeonato, em Tarumã. Desde então, o AJR segue como o carro mais rápido do Brasil, sendo o detentor do recorde de diversos autódromos pelo país.
Predador
O Predador é um projeto exclusivo criado pelos pilotos Jair e Carlos Eduardo Bana. Após competirem com modelos Aldee Spyder por algum tempo (chegando a vencer as Mil Milhas Brasileiras em 1999), pai e filho se juntaram ao criador do Aldee, Almir Donato, para criar um novo protótipo. De construção convencional, o modelo foi equipado inicialmente com um motor GM 2.0 16V turbo, e sempre foi um dos protótipos mais velozes do país, capaz de competir em pé de igualdade com os melhores MRX, tendo conquistado diversas vitórias importantes, incluindo duas edições das 500 Milhas de Londrina (2010 e 2017). Desde 2015, o protótipo passou a ser equipado com motorização Audi Turbo e em 2017 passou a competir na classe GP1, onde sempre esteve entre os carros mais velozes em pista, apesar de ter sofrido problemas de confiabilidade nessa temporada de estreia.
Proto V8
Inicialmente criado pelos pilotos Paulo César e Edson Machado, o Proto V8 nasceu originalmente como Horus V8 e teria estreado nas 500 Milhas de Londrina em 2010, porém a estreia de fato ocorreu somente em 2014 nas 12 Horas de Tarumã, após o modelo ser adquirido pela tradicional equipe MC Tubarão e se transformado no Tubarão X. Dificuldades no desenvolvimento fizeram com que o protótipo tivesse poucas participações em pista, com destaque para a vitória nos 800 Km de Pinhais em 2015. Em 2017, o protótipo foi vendido à família Scheer, e renomeado Proto V8 participou das 3 Horas de Tarumã, etapa de encerramento da temporada, obtendo um excelente segundo lugar na classificação geral e na classe GP1.
Porsche 911 GT3 R (991.1)
Até a temporada 2016, os modelos GT3 da Endurance Brasil eram carros mais antigos, ainda oriundos da GT3 Brasil, porém a chegada do Porsche 991.1 GT3 R, um carro que havia sido lançado apenas um ano antes, representou uma nova era entre os GTs tal como a estreia do AJR. Tal foi o impacto que, mesmo sendo um GT frente a protótipos mais leves e com potência semelhante, o carro da equipe Stuttgart Porsche conquistou 5 vitórias nas 7 etapas disputadas, garantindo o título da classe GP1 e da geral para Marcel Visconde e Ricardo Maurício.
Veloztech Scorpion
Fabricado pela Veloztech, empresa de Cefas de Oliveira fundada em 1999 para fabricar os protótipos Espron, o Scorpion foi desenvolvido em 2004 em parceria com a Faculdade Oswaldo Cruz para a classe 3 do Brasileiro de Endurance. Equipado originalmente com motorização Opel 2.0 16V e transmissão Hewland Mk9, o Scorpius chegou ao Endurance Brasil pelas mãos da equipa KTT Racing, tendo como piloto o inglês Stuart Turvey. Na configuração P3, o protótipo azul competiu apenas nas 2 Horas de Guaporé em 2015, já que depois trocou a motorização para um conjunto Hayabusa Turbo, retornando na classe GP1 em 2017, onde se mostrou um carro extremamente veloz, porém sofrendo com diversos problemas de confiabilidade.
Bacana demais o post. A riqueza na diversidade de chassi, motor ,e tantas outras soluções, são o charme das corridas de endurance. Onde carros de categorias descontinuadas podem achar um lugar para continuar competindo de forma decente !!! E na região sul do país, é onde se encontra esta grande diversidade , de carros, pistas e um público verdadeiramente apaixonado.