Tech Analysis – Performance da GT4 em Goiânia

Dando seguimento à nossa análise de performance da Endurance Brasil, vamos ver como se comportaram os carros da GT4, que teve a estréia de dois novos modelos e se mostrou a mais equilibrada de todas as classes.

Para essa primeira prova, ficou estabelecido o seguinte BoP:

Treino classificatório

Nos treinos classificatórios pudemos averiguar a performance pura de cada carro, com base na melhor volta entre as duas sessões de treino (lembrando que o grid é composto com base na média das voltas dos pilotos de maior e menor rank de cada carro):

Fica evidente o equilíbrio da classe GT4, com os quatro modelos de carro separados por menos de 0,7 % na tabela de classificação. Em boa parte, isso se deve ao BoP estabelecido pela SRO, mas também há uma parcela de contribuição do comitê técnico da Endurance Brasil ao escolher os parâmetros adequados à realidade brasileira, e também ao integrar ao BoP o BMW M2, carro que não possui homologação GT4 mas que ficou posicionado na mesma janela de desempenho.

Corrida

Vale notar como nos GT4 a degradação entre qualy e corrida é baixa, mostrando a vocação dos GTs para provas longas. Enquanto os protótipos obtém voltas mais rápidas na classificação, os GTs são muito mais constantes, o que explica como sempre temos os modelos GT3 lutando pela vitória geral, e os GT4 muitas vezes disputando pelo Top-10.

Os principais destaques que provém da análise são os seguintes:

  • Mustang: o carro vencedor não foi nem o mais veloz, nem o que apresentou melhor trem de corrida, porém o bólido da Ford foi o que conseguiu aproveitar melhor as oportunidades da prova;
  • Mercedes AMG: o GT4 mais veloz continua sendo o modelo da Mercedes, que conquistou a melhor volta no qualy, na prova e apresentou o melhor ritmo, ainda que tenha sofrido a maior degradação dos quatro modelos avaliados. Contudo em uma categoria onde a diferença  entre o carro mais rápido e o mais lento foi de apenas 0,6%, qualquer detalhe é a diferença entre a vitória e segunda posição.;
  • Porsche: segundo colocado das Mil Milhas, o Porsche 718 Cayman GT4 surpreendeu em Goiânia pelo ritmo de prova. Mesmo sendo o carro mais lento em classificação, o carro de Stuttgart cravou a melhor volta da prova e teve um ritmo equivalente ao dos Mercedes, mostrando grande potencial para as próximas provas;
  • BMW: único modelo não SRO da GT4, o M2 CS Racing esteve próximo dos demais competidores quanto à velocidade pura, porém com uma degradação mais acentuada ligada principalmente ao maior consumo de pneus apresentado pelo carro em relação aos demais.

É interessante notar também o equilíbrio extremo, com todos os tempos da amostra contidos dentro de um range equivalente a cerca de 2% da melhor volta da classe na prova.

Nessa plotagem visualizamos como o Mustang e o Mercedes foram os carros com menor variação no tempo de volta, na casa de 1 segundo, fator decisivo para a boa classificação final. Podemos ver que o Porsche GT4 apresentou maior velocidade do que o Mustang, porém com maior degradação (que seria ainda maior em uma amostra maior), e podemos visualizar claramente como o  BMW M2 foi o carro que mais perdeu rendimento.

Sobre o método

Para analisar o ritmo de prova dos competidores, desenvolvemos um diagrama de caixa modificado, utilizando como referência as melhores voltas do melhor carro de cada fabricante. 

Para o meu método, optei por utilizar as 30 melhores voltas do melhor carro de cada modelo, seguindo a mesma lógica utilizada no BoP da categoria Hypercar do WEC. Contudo, enquanto no WEC são considerados os 60% de voltas mais rápidas (para contabilizar o efeito de diferentes estratégias de box e a degradação do carro durante a prova), no caso da Endurance Brasil optei por uma quantidade de voltas equivalente a aproximadamente um stint pois as janelas de pit stop são pré-definidas e existe uma grande variação de desempenho entre pilotos profissionais e amadores. De um lado prático, a quantidade de voltas foi limitada pois sua tabulação exige um trabalho manual de captura de dados, visto que atualmente encontram-se disponíveis apenas pelo Racehero que não permite que sejam exportados em forma de tabela.

O dados do gráfico são interpretados da seguinte forma:

  • Ponto verde inferior: representa a melhor volta da prova para um determinado carro ;
  • Linha verde tracejada:  representa os 25% de voltas mais rápidas da amostra (1º quartil);
  • Caixa central: representam os 50% de voltas centrais da amostra (2º e 3º quartis);
  • Linha central: tempo médio de volta considerando a amostra;
  • Linha vermelha tracejada: representa os 25% de voltas mais lentas da amostra (4º quartil);
  • Ponto vermelho superior: pior volta da amostra

Em linhas gerais, quanto menores as linhas verde e vermelha, menor a dispersão, ou seja, mais constante foi o carro. Da mesma forma, quanto menor a caixa central, mais constante foi o desempenho. Uma limitação do tamanho e tipo de amostra escolhida é que a distribuição não apresenta um comportamento “normal” nas duas direções, de forma que o  primeiro quartil (linha verde, 25% melhores voltas) sempre aparecerá alongado em relação ao quarto quartil (linha vermelha, 25%  piores voltas).

One thought on “Tech Analysis – Performance da GT4 em Goiânia

  1. Existe um motivo pela ausência dos Ginettas , deu impressão que seriam uma constante na GT4 , francamente sempre acreditei em um grid maior na GT4 , dá uma certa decepção ver poucos carros nessa categoria , sempre imaginei que a GT4 seria um sucesso nessas bandas por serem carros atuais mas com preço bem mais em conta e ainda por serem extremamente resistentes .

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