Leal Race Cars LR01

Na postagem de hoje trazemos um bólido concebido pelos nossos hermanos colombianos. Fruto da visão de Julian Leal (piloto com passagens por categorias como Fórmula 3000, World Series, GP2 e ELMS, com destaque para o título da F3000 Italiana em 2008), o LR01 é um protótipo de alto desempenho com custo acessível, totalmente desenvolvido e construído na Colômbia ao longo de quatro anos de trabalho duro pelo seguinte time:

  • Julian Leal: diretor do projeto e piloto de provas;
  • Andres Ninõs: diretor de design e aerodinâmica;
  • Alfredo Jamaica: desenvolvimento da carroceria e fabricação de componentes em materiais compósitos;
  • Beatriz Vieda: mercado e relações públicas;
  • Felipe Parras: captação de clientes e patrocínios;
  • Jairo Triana: sistemas mecânicos;
  • Luis Angel Covelli: engenharia mecânica e de materiais compósitos.

Desde a concepção o carro foi pensado para ser elegível a participar de diversos campeonatos com regulamento aberto no âmbito latino-americano, mantendo um olho no mercado dos norte-americano. Então, sem maiores delongas, vamos conhecer um pouco mais do trabalho realizado pela Leal Race Cars:

Parte 1 – Chassi

O chassi do LR01 é de construção convencional, uma estrutura tubular em aço cromo-molibdênio similar ao encontrado em protótipos brasileiros como AJR, Sigma e DTR.

Fonte: Leal Race Cars [1].

Além de garantir a rigidez estrutural necessária para um bom desempenho, o desenvolvimento também focou em conceitos que privilegiassem a segurança dos pilotos e dessa forma o protótipo colombiano conta com dois crash boxes em fibra de carbono (o dianteiro integrado ao bico e traseiro montado na transmissão). O bico dianteiro, inclusive, se tornou uma das peças manufatura mais complexa, devido a quantidade de camadas de fibra para garantir a resistência mecânica necessária.

A suspensão é um layout tradicional do tipo duplo A, com amortecedores reguláveis. Para os primeiros testes será utilizada uma configuração tradicional com dois amortecedores atuados por push rods, porém existe a opção de empregar um terceiro elemento na traseira, que permite utilizar amortecedores com menores cargas para lidar melhor com as irregularidades da pista sem abrir mão da rigidez necessária para que o carro não bata o fundo com o incremento da carga aerodinâmica.

Suspensão traseira do LR01. Fonte: Cuchenials [2].

Para facilitar o ajuste dos amortecedores na dianteira foram adicionadas duas aberturas sobre o bico (1), permitindo fácil acesso em condições de prova. Além disso, duas aberturas na base do para-brisas (2) ajudam a ventilar o cockpit em dias de temperaturas mais elevadas.

Fonte: Leal Race Cars [1].

Para parar o bólido, são utilizados freios Wilwood de 4 pistões, com discos ventilados em material ferroso nas quatro rodas.

As rodas são do mesmo modelo utilizado no protótipo Mazda RT24-P que compete no IMSA. Fonte: F1 LATAM [3].

Parte 2 – Powertrain

A motorização escolhida pela Leal Race Cars foi um Ford EcoBoost 2.3 turbo com injeção direta de combustível. Para os primeiros testes o motor estará em configuração praticamente original, rendendo cerca de 310 HP, com planos de atingir 550 HP após a preparação do motor, com a opção de um botão de push para auxiliar em ultrapassagens e tomadas de tempo classificatórias. O controle motor é realizado por um sistema MoTeC, com data logging e display de dados através de um AEM CD-5.

Motor Ford EcoBoost. Fonte: Leal Race Cars [1].

Para transmitir a potência às rodas foi escolhida uma transmissão sequencial Sadev de 6 marchas, com trocas através de borboletas no volante. O acoplamento entre motor e transmissão é feito através de um suporte união projetado pela Leal Race Cars e fundido e usinado localmente.

Suporte união de acoplamento entre o motor Ford EcoBoost e a transmissão Sadev. Fonte: Leal Race Cars [1].

Parte 3 – Aerodinâmica

À primeira vista, o LR01 pode ser confundido com um protótipo LMP2. Isso porque, apesar de ter sido desenvolvido como um Formula Libre, a equipe da Leal Race Cars utilizou como referência inicial para o projeto a distância entre-eixos e bitolas similares às dos protótipos LMP2.

Fonte: Leal Race Cars [1].

Na dianteira do carro, podemos ver as tomadas de ar para os freios (1), posicionadas próximo ao bico do protótipo. Além disso, identificamos dois canards (2) de generosas proporções, e um gerador de vórtice na região do footplate (3), similar ao utilizado em carros da F1 e no protótipo brasileiro DTR01. Sobre o teto fica a tomada de ar para o motor (4).

Fonte: Leal Race Cars [1].

Sobre as rodas dianteiras estão as tradicionais aberturas de ventilação (5), e as tomadas de ar para os radiadores (6). Os retrovisores (7) são montados em suportes esculpidos para direcionar o ar para a asa traseira (ver detalhe abaixo).

Fonte: Leal Race Cars [1].

Na parte inferior das caixas de roda traseiras estão posicionadas as tomadas de ar para os freios (8 e detalhe abaixo), que podem receber uma tampa em formato de aerofólio em provas onde a demanda de refrigeração seja menor, produzindo downforce adicional sem grandes impactos no arrasto aerodinâmico (e talvez até com melhora do C/L global, ainda que ínfima). Sobre a carenagem do motor foi adotada a onipresente barbatana dorsal (9). A saída de escapamento está integrada à cobertura do motor, e a fibra está protegida do calor por uma proteção metálica (10).

Fonte: Leal Race Cars [1].

Na traseira, se desta a asa de duplo elemento (11), que se estende por toda a largura do carro e é fixada centralmente através de um suporte integrado à barbatana dorsal e nas laterais pelos endplates fixados à carenagem e ao difusor traseiro.

Fonte: Leal Race Cars [1].

Na imagem abaixo podemos ver o suporte com diversos alívios de massa e os furos que permitem a regulagem do elemento principal. Além disso, podemos ver o suporte central que ajuda a enrijecer o segundo elemento da asa traseira.

Fonte: Leal Race Cars [1].

O difusor traseiro (12) tem dimensões bem generosas, e conta com seis strakes. Os strakes, por sinal, não são simples divisores de fluxo verticais, pois tem formato curvado para auxiliar o fluxo de ar a manter-se aderido à superfície durante a expansão.

Por hora, o foco é desenvolver o carro participando de provas do campeonato colombiano como as 6 Horas de Bogotá, e em seguida demonstrar o potencial do LR01 nos demais países latinos. Entre os possíveis destinos estão provas como as 6 Horas de Yahuarcocha no Equador e o Campeonato Chileno de Velocidade.

Consultada pela nossa redação, a Leal Race Cars confirma que considera o Endurance Brasil como um potencial destino, e não descarta a participação em alguma das provas do brasileiro no futuro. Outro grande foco do construtor é o mercado dos Estados Unidos, onde o LR01 pode ser homologado para participar de provas e campeonatos como NASA, FARA e as 25 Horas de Thunderhill. Como próximos passos, a Leal Race Cars espera realizar o primeiro shakedown de pista em meados de março, dando início à fase de validação dos conceitos empregados no projeto e de ajustes mecânicos dos componentes e sistemas que compõe o carro.

Fontes:

[1]: Leal Race Cars. Disponível em: https://www.instagram.com/p/CGWEjwXHwIc/.

[2]: El Cuchenials – El LR01 de Julián Leal. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=frysrA-yT7o

[3]: F1Latam.com – LR01, auto prototipo de alta competición hecho en Latinoamérica 🇨🇴 – PRIMICIA ✅🗯. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P-QOG7DrTQU.

[4]: Colombia Motor Fans – Julián Leal y su nuevo prototipo de carreras – Entrevista exclusiva. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=y_6_ui6EL5k.

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