Spirit AR3

Dando continuidade à nossa série de postagens sobre protótipos nacionais, saímos do eixo sul-sudeste e vamos para o Ceará, para conhecer o protótipo Spirit AR3, um projeto que alia segurança, bom desempenho em um pacote de baixo custo.

Fórmula V 1.800. Fonte: Exotic Cars Page [1].

O modelo tem origem nos Proton AR1 e AR1L projetados pelo piloto e empresário Alexandre João Romcy para a Fórmula V 1.8 Cearense, categoria regional disputada entre 2007 e 2011. Partindo do chassi dos monopostos, a estrutura tubular foi modificada recebendo reforços adicionais para suportar a nova carenagem e melhorar a proteção lateral, transformando o carro em um protótipo fechado estilo Le Mans. Lançado oficialmente no dia 4 de outubro de 2011 em um evento no Boteco Praia, o Spirit passou a competir a partir de 2012 no Campeonato Cearense de Protótipos junto aos modelos CTM2000, porém em classes separadas.

Já durante sua estreia nas pistas o Spirit se mostrou muito competitivo, postando o tempo de 1m25s907 em treinos pré-temporada no Autódromo Virgílio Távora, à frente até mesmo dos mais potentes CTM2000, e desde então o protótipo é figura certa no Campeonato Cearense e na Copa Nordeste de protótipos, além de ter composto o grid do Campeonato Paulista de Força Livre entre 2016 e 2017. Entre as principais conquistas nas pistas estão a vitória nas 3 Horas do Ceará de 2012, pilotado por Ene Pires, Geraldo Filho e Lutianne Soares.

Análise técnica

Parte 1 – Chassis & Powertrain

Com base no chassi do Fórmula V, a estrutura tubular foi modificada e passou a contar com o santantonio de 10 pontos original do Proton AR-1 (1) e uma estrutura adicional com 6 pontos (2) para dar suporte à nova carenagem. Além disso, o radiador (3) foi realocado para a dianteira, em posição horizontal. Além disso, uma estrutura adicional foi adotada em torno da célula de sobrevivência para suportar a carenagem, resultando em um incremento de cerca de 20 kg em relação ao Fórmula V.

A suspensão dianteira (4) é de braços arrastados, com componentes originais do Fusca e sistema de catraca para ajuste da altura, enquanto a traseira é um projeto próprio para o Spirit utilizando amortecedores das motocicletas Honda XR 200 / XR 250. São utilizados freios a disco nas quatro rodas, com discos, pinças, pastilhas e cilindros originais da linha Volkswagen, e rodas de 14 polegadas com pneus Michelin XTAF medida 185/65 R14 na dianteira e 185/70 R14 na traseira.

Uma curiosidade é que existem duas versões de chassi, chamadas AR3 e AR3L, que possuem os mesmos pontos de fixação de suspensão e do motor, e diferem apenas na largura do cockpit e altura do santantonio, maiores na versão AR3L, como podemos ver na imagem acima. Outro fato interessante é que, devido à origem do chassi, a entrada no protótipo é realizada por um canopi similar ao de caças da Segunda Guerra, como o Messerschimitt Bf109.

Já o powertrain é um carry-over do Fórmula V, composto por um motor Volkswagen AP 1.8 movido à etanol montado entre-eixos, equipado com comando 049G e sistema de injeção eletrônica original, com borboleta acionada por cabo e sistema de ignição também original, rendendo cerca de 130 cv, que são transferidos às rodas traseiras por uma transmissão original da linha Volkswagen 1500/1600 à ar, e semi-eixos do Fusca/Brasília.

Parte 2 – Aerodinâmica

A carenagem do Spirit tem concepção moderna para um protótipo de baixo custo, com destaque para as três tomadas de ar (5) com função de levar ar para o radiador e para os freios dianteiros. Compõe ainda o pacote dianteiro um pequeno splitter (6) e a saída do ar quente do radiador (7) e a tomada de ar sobre o cockpit (8).

Adaptado de: Diario do Nordeste [2].

A dianteira conta ainda com louvres (9) sobre as caixas de rodas, que em conjunto com as saídas laterais (10) dão vazão ao acúmulo de pressão causado pelo movimento do conjunto roda-pneu. Passando à traseira, existem dois scoops (11) que funcionam como tomadas de ar para os freios do eixo motriz, e as rodas posteriores também contam com louvres (12). A asa traseira (13), é de duplo elemento, um design que até pouco tempo era incomum até mesmo em protótipos brasileiros de maior desempenho.

  Márcio de Luca.

Após o lançamento, algumas atualizações foram implementadas na dianteira do protótipo, como a adoção de tomadas de ar específicas para os freios dianteiros (14) e de tomadas traseiras adicionais em formato de duto Naca (15).

Mais recentemente, alguns protótipos Spirit têm recebido também as onipresentes barbatanas dorsais sobre a carenagem do motor (16), que curiosamente apresenta um rasgo em formato de meia lua.

Mesmo 9 anos após seu lançamento, o protótipo Spirit AR3 continua sendo competitivo no cenário automobilístico do Nordeste Brasileiro, fazendo frente a modelos como os CTM 2000, Aldee Spyder e ao seu irmão mais novo Spirit APW.

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Fontes:

Spirit AR3. Disponível em: https://sites.google.com/site/exoticcarspage/carros-de-corrida/spirit-ar3.

Cearense Veloz: Disponível em: http://blogs.diariodonordeste.com.br/automovel/automobilismo/cearense-veloz/.

Lançado Spirit 1.8. Disponível em: https://carrosecorridas.com.br/2011/10/05/lancado-spirit-1-8/.

Ceará apresenta novo protótipo: O Spirit 1.8. Disponível em: https://carrosecorridas.com.br/2011/08/24/ceara-apresenta-novo-prototipo-o-spiriti-1-8/.

Imagens:

[1]: Retirado de: Spirit AR3. Disponível em: https://sites.google.com/site/exoticcarspage/carros-de-corrida/spirit-ar3.

[2]: Adaptado de: Cearense Veloz: Disponível em: http://blogs.diariodonordeste.com.br/automovel/automobilismo/cearense-veloz/.

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